A Coruja de Monte Suntria

Suntria é uma das denominações de Sintra...O Monte da Lua ...a coruja...sou eu!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

A questão do sabão natural e da soda caustica

Nota (06/11/2013):
Devido a alguns procedimentos perigosos que tive conhecimento, e que colocam em risco a saude (e a vida) de quem está a fazer o sabão e /ou de quem vai usar o sabão: A soda caustica (hidroxido de sódio) assim como o hidroxido de potassio, são agentes quimicos perigosos. Têm de ser manuseados com extrema cautela, usando equipamento adequado (luvas, mascara e oculos de protecção, asim como vestuario adequado); AO fazer a solução alcalina, deve ser usado utensilios adequados, de preferencia de inox (NUNCA; MAS NUNCA DEVE SER USADO ALUMINIO!!!!), e resistentente a temperaturas altas (rondam os 90º ou mais) e resistentes à acção corrosiva da soda caustica; a soda deve ser deitada sobre a agua e nunca , nunca ao contrario; quando se junta a solução de soda nas gorduras, nunca, mas nunca podem as gorduras ao lume!!!!
O manuseamento incorreto da soda caustica, pode levar a graves acidentes, com gravissimos ferimentos e, dependendo da sua localização (por ex. se for no rosto e vias respiratorias), a cegueira e a graves problemas respiratorios, incapacitantes.
Igualmente importante é saber qual a quantidade segura de soda caustica a usar, de forma a que o produto final seja um produto seguro, não caustico.

Actualmente têm acesso a inumeras receitas/formulas de sabão, em sites, grupos, livros... quando copiam uma receita devem rever os dados/valores atraves de uma calculadora. Há sempre a hipotese de ter podido haver uma gralha e a receita não estar bem. Igualmente devem ter confiança (e mesmo assim rever a formula) na pessoa/site/livro que disponibiliza a formula. Há formulas e formulas...

O sabão tem um periodo de cura que TEM DE SER RESPEITADO! pelo menos 4 semanas para sabão cold process, e uma semana para hot process. Rebacht ou refundido de sabão novo (que desanda por ex.na altura do traço), tem que curar as 4 semanas na mesma.

Desculpem o alarmismo, não é nada algo que eu faça, mas tenho-me dado conta que as coisas estão a perder um bocado o controlo, há pessoas não estudam, não se formam, leiem na diagonal, apanham umas dicas aqui, uns sururus ali, e depois vão "fazer sabão", muitas vezes para oferecer, para vender (como se já não fosse grave ser de uso pessoal/familiar).... É preciso responsabilidade, consciencia.

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O sabão natural é feito a partir de óleos e manteigas vegetais e ou animais, aos quais é adicionado uma solução alcalina para que se dê uma reacção química chamada saponificação (ou seja que as gorduras se transformem em sabão).

Sim, para fazer sabão tem de se usar soda caustica (hidróxido de sódio) ou potassa hidróxido de potássio, caso do sabão em pasta ou liquido. Em qualquer definição de sabão pode-se ler que é o resultado de uma reação química resultante da junção de  gorduras e uma base alcalina. A glicerina é um subproduto desse processo e é nos processos industrializados, retirada e depois direcionada para as industrias farmacêutica e alimentar. Agora suponho que quando fala de sabonete de glicerina se refere às bases glicerinadas que se compram já feitas e depois se derretem e se moldam em moldes artísticos. Essa base já passou por esse processo, ou seja antes de ser base de glicerina foi um sabão e antes era um conjuntos de gorduras às quais se juntou uma base alcalina de soda caustica. Depois ela passa por um processo de clarificação para se tornar transparente e de adição de aditivos no intuito de facilitar o seu uso (derreter, colocar em moldes), aumentar a espuma e a validade. Os sabonetes de glicerina industriais seriam uma “invenção” dos anos 50/60 (não tenho agora bem presente a data), e teria sido criado com o intuito de fazer um sabonete mais suave (pois devido à industrialização do sabão e a retirada da glicerina, os sabões seriam mais agressivos e cáusticos) pelo que, além de ser um sabonete transparente e mais apelativo, seria menos caustico pela adicinado de uma pequena porção de glicerina. A denominação “sabonete de glicerina” e a propaganda da época deu resultado e perdurou até hoje a crença de que são sabonetes suaves e apropriados para peles sensíveis. Se na altura “era assim”, atualmente isso não é bem assim, pois os aditivos colocados muitas vezes provocam alergias a pessoas com a pele mais sensível.

Assim temos o sabão NATURAL artesanal, em que o sabão é feito de raiz, juntando as gorduras e a soda caustica (segundo regras de segurança e quantidades corretas e seguras, este processo não é realizado à toa!), e o sabonete de glicerina artesanal, em que a base já passou pelo processo mais complicado e que é muito apelativo pela forma como pode ser trabalhado artisiticamente. Desde já posso adiantar que se pode fazer a base de glicerina de forma artesanal e saber o que se coloca nela para a tornar um produto final mais natural, pois se a base for comprada já feita tem pouco de natural e, se se pode dizer que são sabonetes artesanais, não se devem chamar de naturais.

Quanto ao sabão NATURAL feito de raiz ele é naturalmente rico em glicerina pois no processo artesanal não se separa a glicerina do sabão e ela permanece no produto final. Além disso é deixada uma percentagem de gorduras que não são saponificadas e que entram depois em contato com a pele deixando-a mais suavizada. Não são necessários aditivos espumantes para o sabão natural, pois se quisermos um sabão com uma espuma mais rica, sabemos qual q gordura quês e deve saponificar para o efeito (sim há gorduras que dão mais espuma a uma sabão natural, enquanto outras são mais adequadas para suavizar um sabão).

Voltando ao cerne da questão: a soda caustica. É realmente necessário extrema precaução na sua utilização. É um produto muito cáustico que provoca queimaduras graves, tanto por contato direto com a pele como através da inalação de fumos. Por isso se utiliza equipamento de segurança quando fazemos os sabões: óculos, mascara, luvas, roupa de proteção. Há uma serie de normas de segurança que tem de ser seguidas quando estamos a fazer sabão natural. É também de extrema importância ter noção do que se está a fazer, de todo o processo. É um processo químico, que envolve alguns riscos, que podem ser evitados através do conhecimento do processo e da adoção de medidas e equipamentos de segurança.

Mas, perguntarão: e a soda que fica no sabão? Não faz mal à pele!?!?... Aí está! Um sabão natural bem feito já não tem soda! Como? Sim, um sabão bem formulado e devidamente curado, não soda. Quando a saponificação está corretamente feita, ou seja, quando a transformação de gordura em sabão é feita com as quantidades corretas, o método realizado corretamente e o tempo de cura respeitado, toda a soda que foi utilizada se encontra transformada e neutralizada. O produto final não é gordura nem soda é uma outra substância: é sabão.

Agora dentro do sabão natural existem dois tipos de sabão: o sabão cosmético e o sabão de lavagem/limpeza. Este ultimo é o que normalmente se faz, atualmente com óleos usados de cozinha, no intuito de também se reciclarem estes desperdícios bastante poluentes. Estes têm sim, têm um excesso de soda e não são adequados para uso cosmético. Já agora um aparte: quero chamar a atenção para as receitas de sabão de oleo reciclado, que circulam na internet e que contém quantidades absurdas de soda caustica, muitas vezes o suficiente para saponificar quantidades de gordura de 2 a 3 vezes, maior que a utilizada na receita.

Os sabões naturais cosméticos, são aqueles em que se utilizam óleos mais “nobres”, em que se procuram a perfeita junção entre  as propriedades do óleo e as da planta, entre a cor e o aroma, sempre com uma percentagem de óleos não saponificados, óleos livres num sabão que se quer seguro, suave, muitas vezes um caleidoscópio de emoções sensoriais, entre texturas e aromas.
 http://suntrialquimias.blogspot.pt/2012/11/a-questao-do-sabao-natural-e-da-soda.html

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